Para responder a pergunta que é tema desta matéria, vou colocar o conteúdo de e-mail que recebi nesta semana, de internauta que foi vítima de tentativa de roubo:
“Estou me sentido como talvez todas ou a maioria das pessoas que passam por situação de assalto; um tanto assustada e temendo consequências. Ontem fui abordada por bandido ao sair de carro de meu condomínio. Minha postura perante a ação criminosa foi totalmente errada, de acordo com as orientações fornecidas. Assim que ultrapassei o portão, o marginal apontou uma arma para meu rosto e passou a me ameaçar. Eu o encarei e tentei acelerar o carro para sair da calçada e entrar na rua, mas o trânsito estava congestionado e não conseguia me locomover. Ele gritava sem parar. Desesperada, como último recurso, acionei a buzina até o rapaz ir embora correndo. Era um menino de 14 a 16 anos, franzino e mal vestido. Não atirou porque a arma provavelmente era de brinquedo, do contrário, talvez eu não estivesse aqui lhe escrevendo. Uma moto o esperava, o que facilitou a fuga. Alguns conhecidos me disseram que por causa da minha reação abrupta eles podem voltar; por isso estou com medo. Acredita que isso vai acontecer? Tem algum conselho para mim?”.
A maioria dos assaltos nas ruas não são planejados, ou seja, a vítima é escolhida ocasionalmente, principalmente quando está em posição vulnerável.
No caso em tela, a moradora do edifício acionou o controle remoto para sair com seu carro. Como o trânsito estava congestionado na rua, ela acabou por ficar parada na calçada, aguardando vez para seguir.
Foi nesse exato momento que os criminosos entenderam que aquela condutora era a “vítima da vez”. Todo o crime foi visto pelo porteiro da guarita, que não pode fazer absolutamente nada, pois a própria moradora havia acionado a abertura do portão.
Entendo que os portões das calçadas dos condomínios devem ser abertos pelos funcionários das guaritas, após verificarem, pela vidraça ou imagens das câmeras de segurança, a ausência de qualquer risco de abordagem ao morador. Se porventura tiverem a menor suspeita, devem reter o condutor na clausura, dentro do prédio, em segurança.
O morador dentro do veículo não tem condições visuais de fazer essa análise, que chamo de “focalização de segurança”. Outro ponto importante a ser comentado, é quanto ao perigo de atropelamento na calçada.
O porteiro, antes de acionar a abertura do portão automático, precisa estar também atento se nenhum transeunte está passando na frente da saída de carros.